sábado, 17 de março de 2012
A falta que sobrou em mim
"Sobra tanto espaço dentro do abraço..."
Sobra tanto silêncio antes do murmúrio.
Sobra tanto soluço no meio do choro.
Sobra tanto brilho depois do sorriso.
Sobra tanto pano no fim do vestido.
Sobra tanta música durante a dança.
Sobra tanto orgulho antes das lágrimas.
Sobra tanta carência no meio do abraço.
Sobra tanto socorro dentro do olhar.
Sobra tanta falta de estrela depois da noite
que eu já nem me importo mais se sobra ou se falta.
Talvez eu não queria que falte sobra ou sobre falta,
Não é que o suficiente não me satisfaça,
é que o que é mais é sempre insuficiente
e de tão insuficiente, faltou a sobra que sobrou faltando.
O verso ta sobrando, então deixa faltar.
Pré-carência precária
Quando você se for
e ainda permanecer,
espero que eu possa me segurar
e aguentar tua ausência dentro de mim.
Vai ser um silêncio
e uma falta, uma carência.
Uma cara,
uma impermanência.
Ninguém mais vai me encontrar
quando eu me perder dentro de mim.
Nada mais vai brilhar
quando eu me apagar assim.
E quando a última estrela se for do céu
e a escuridão me assombrar,
eu terei que descobrir que você foi quando ficou
e ficou mesmo depois de me deixar.
terça-feira, 6 de março de 2012
Sonho
Que sonho nunca foi roubado?
Que roubo nunca foi planejado?
Que plano nunca foi furado?
Que furo nunca foi tapado?
Que tapa nunca foi perdoado?
Que perdão nunca foi desejado?
Que desejo nunca foi acalantado?
Que acalanto nunca foi sonhado?
Enfim, que sonho nunca foi roubado?
E que raiva surge quando nos roubam,
às vezes nos roubam de nós mesmos.
Mas quem somos nós mesmos senão um sonho?
E sonhos foram feitos para serem roubados.
Vida é que foi feita para se viver.
Devaneio
O vazio me assombra,
no entanto, o meio-cheio me inspira.
Gosto da mistura, da oportunidade
e simplesmente amo a 'ocasião'.
Sinto-me completa com a pequenez
e vazia com a grandeza,
pois tudo quanto é grande é muito vago
e não deixa que eu me encontre em mim mesma.
Também sou alguém que salvaria qualquer palavra que me tirasse um sorriso
e qualquer sorriso que me deixasse sem palavras.
Queria enlatar lembranças,
ser mais do que apenas um álbum preto e branco.
Mas sou mera coletânea de sorrisos passados,
marca de lágrimas derrubadas,
risos no alto da escada,
correria, eletricidade, torção, novidade.
Sou rima dentro do próprio verso,
desconvexa, incerta dentro de mim.
Não sei quem seria se não me fosse,
não sei o quanto complicaria se não fosse assim.
Pescadora de mim, caçando o incerto,
fico assombrada pela luz das estrelas.
Alguém poderia me explicar?
Algo tão ofuscante torna-se tão belo atrás de meus olhos.
Tudo quanto vejo muda depois da visão,
tudo é belo e incerto, ou certo.
Um devaneio é só um devaneio,
deixe-me a sós com a imaginação!
Desculpe
Desculpe por todas as vezes que eu falei quando deveria ouvir,
e por quando eu me calei quando deveria te consolar.
Desculpe por não secar tuas lágrimas quando você não pôde pedir
e também por não admirar o teu sorriso ao invés de te deixar chorar.
Desculpe por não ter aprendido a ficar sozinha na tua companhia
e por ter desejado sua companhia quando você quis me afastar.
Desculpe por todos os meus gritos insanos de agonia
e também pelo meu silêncio nos momentos em que tinha que falar.
Desculpe por ter pensado tanto em mim
e também por ter esquecido que você sabia chorar.
Desculpe por ter estado perdida quando você me procurava
e perdoe minha falha por não te deixar me encontrar.
E eu sei que você precisava de mim ao seu lado
e que no dia em que você mais chorou eu não te abracei;
então me desculpe por tudo que fiz de errado,
mas saiba que, embora tudo, eu te amei.
Não mude
Quer tempo? Me dê um segundo e terá a eternidade nas minhas lembranças.
Quer paz? Pense em mim e meu coração meditará por ti.
Que fé? Deixe que eu te ame com todas as minhas forças.
Quer proteção? Descanse, eu rezarei por você todas as noites.
Quer alegria? Sorria de volta quando eu rio por você.
Quer gratidão? Me salve quando eu menos merecer.
Quer amor? Permaneça vivo, pois isso deve ser suficiente para que eu te ame.
segunda-feira, 5 de março de 2012
Mudança
Ela existia, mas não se via. Não vivia. Era uma simples garota conformada com a própria existência insignificante, e sua existência apenas não tinha significado algum porque ela se conformava com isso. Mas um dia ela se apaixonou, e a partir desse dia, mesmo que sem fazer nada de importante para o mundo a sua volta, ela passou a ser significante, pois o mundo dentro dela havia mudado.
domingo, 4 de março de 2012
Never one without the other
"Eu era June e você meu Johnny Cash"
Prometa-me que estaremos sempre juntos;
que eu serei Eurídice e você Orfeu,
que eu serei Isolda e você Tristão,
que eu serei Hera e você será Zeus.
Prometa-me que será Scott Summers
e que eu serei Jean Gray.
Nossos poderes não são sobrenaturais
mas amo-te com antes jamais amei.
Deixe que eu seja Roxane e você será Cirano,
escreva-me poemas de forma mascarada.
Entregue-me versos e declarações
e mantenha o mistério em nossos corações.
Seja Hamlet e eu serei Ofélia,
e por tudo tentarei tirar o mal de seu coração.
Amo-te com amor literário e ao mesmo tempo tão real
que desejo impedir seu coração de se aproximar do mal.
Posso também ser Guyenivere;
seja meu Lancelot.
Por mim e por tudo seja um guerreiro
e por você e por tudo eu enfrentarei o mundo inteiro.
Me escreva como Dante
e eu serei Beatriz;
pois sei que um amor que moveria céu e infernos
por toda a vida me faria feliz.
Podemos ser outros alguéns;
Maria Bonita com seu Lampião,
Eva e seu Adão,
Romeu e sua Julieta,
Donald e sua Margarida,
Dom Quixote e Dorotéia,
O deus dos deuses e Hera.
Que você seja você,
e que eu seja eu.
Que eu seja também você
e que você também me seja.
Mas que sejamos felizes sem tempo de expiração,
não como esses casais, mas com amor puro
que o tempo constrói e o coração almeja,
eternizado pela vida e real pela paixão;
Seja você e eu serei eu,
e não seremos nada ou ninguém mais, além de um só coração!
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