domingo, 30 de junho de 2013

Exporta quando importar


Ah, felicidade, que há?
Felicidade é o que importa?
Mas se importa, é porque não há?
Traz de fora, importa sem se importar!
Mas traz pra dentro, leva ao peito sem demora,
se arrasta, porém se alastra, aflora.
E do agora que se foi importa a felicidade pra minh'alma,
pro agora que vem o que importa é a calma.
Deixa entrar, se espalhar, incendiar,
depois... Ah, depois só deixa acalmar!
Felicidade: é o que há;
e quando não há, se importa.
Mas se calma ela vem, se há,
então ela importa - e daí, bem, felicidade se exporta!

domingo, 17 de março de 2013

Resposta a um amor



Reclamamos de tudo. Se há muitas declarações, está ruim, se há poucas declarações, está péssimo. Mas o que dizer quando se recebem palavras de tirar lágrimas dos olhos, tais como as que abaixo transcreverei?

“Estava pensando em nós hoje, nesse dia chuvoso e frio. Frio, essa palavra me lembra que o outono está chegando, e junto com ele o frio em que nos conhecemos, pois sou seu “Gelinho”, né? Hoje fiquei lembrando todos os nossos momentos felizes, que são muitos. Não consigo lembrar de nenhum momento triste com você.
Acabei de ouvir Elephant Gun e me deu uma nostalgia! Fiquei vendo todas as suas fotos, pois era o jeito mais fácil de te ver. Meus olhos até se encheram de lágrimas.
Você tem andado diferente esses tempos. Está muito difícil te ver e sinto sua falta. Suas mensagens estão secas e sem emoção, nem parece mais minha Mari. Opa, não posso mais falar que é minha.
Eu queria voltar àqueles tempos em que você era menos ocupada, e que às vezes parecia que tínhamos todo o tempo do mundo. Mas nossa música nunca mais tocou. E eu só falo isso porque estou morrendo de saudade daquele tempo em que a gente não tinha que se preocupar.
Não quero te largar e não vou te largar, pois sei que jamais vou achar uma menina tão parecida e também diferente de mim. Uma que quando o sorriso aparece, eu ganho meu dia.
Você é uma menina que me entende, linda e especial. Não consigo me imaginar com pessoas diferentes. Queria ficar mais com você, pois você é especial pra mim. É a única menina com que me encaixo, pois você já faz parte de mim. Te amo Mariana Cintra.”

E então, com lágrimas nos olhos, sei que não poderia escrever nada mais do que uma resposta. Uma resposta a um amor.

Sei que estou distante, tanto fisicamente (por morar no fim do mundo), quando emocionalmente. Acho que sem querer construí um muro pra nos separar, ao invés de uma ponte que me levasse até você. No fundo, sempre soube disso, mas o orgulho, a falta de tempo e de disposição me levaram a não fazer nada pra mudar. Com isso, sei que fui te perdendo aos poucos.
E teria sido tão mais fácil se você simplesmente desistisse de antiga Mariana! Eu poderia continuar insensível e não me preocupar em como voltar atrás. Mas é egoísmo meu, pois você não merece sofrer por minha causa. E sabemos, também, que no fundo eu também queria que as coisas voltassem a ser como antes, embora eu não saiba como fazer isso e também não saiba se tenho forças pra fazer isso acontecer.
É verdade que nossa música nunca mais tocou, que nunca mais dançamos ao som dela no meio da rua, como naquele dia, da primeira vez em que me disse que me amava. É também verdade que o frio é reconfortante por lembrar como éramos felizes com tanta simplicidade naquela época. E também por me lembrar dos braços que me aqueciam. Às vezes sinto que não tenho emoção para expressar. Às vezes te machuco com meu silêncio, como no dia em que deveríamos estar comemorando nove meses de namoro. Às vezes deixo de me preocupar com você por achar que você não tem nada que o fira. Puro egoísmo. Você tem algo que o machuque sim, e sou eu. Não sei o que fazer além de me desculpar. Não sei como consertar. Só sei que quero voltar a ser a sua Mari, não importa o que eu tenha dito sobre ser “posse” de outra pessoa. E também não importa o quão ocupada eu esteja, o quanto eu trabalhe, o quanto eu estude, eu ainda quero que a melhor parte do meu dia seja você. Ainda quero que o tempo que temos juntos pareça nunca acabar. Ainda quero não ter que me preocupar com nada além de você, até porque sei que agora você é algo muito sério com o que eu tenho que me preocupar, antes que te perca pra mim mesma.
Nem sempre eu te entendo, mas agradeço o elogio. Agradeço, ainda, que tenha me amado mesmo com toda minha chatice, implicância, teimosia e falta de emoção. Obrigada por não desistir, mesmo quando te dou todos os motivos do mundo pra isso. Dessa vez eu vou ter que honrar o nome do lado de dentro dessa aliança, que me foi dada em um momento tão especial, tão lindo. Dessa vez eu vou fazer valer, porque você merece, afinal, é a única pessoa próxima que, além de me salvar do mundo, me salva de mim mesma. Não quero outro fim para nós do que outro recomeço. Não quero nada para mim, nem para você. Quero um mundo para nós.O mesmo sentimento, renovado.
E como tudo que me escreveu tocou fundo em meu coração e foi minha tábua de salvação, achei que deveria fazer o mesmo, por isso um escrito tão grande. Acho que é verdade aquela história de que às vezes tudo que precisamos é que a outra pessoa reafirme o sentimento que tem por nós. Então, para que não falte mais nada, posso só dizer: eu te amo. Ou melhor, eu te amo mais.”
Sua Mari

sábado, 15 de dezembro de 2012

Certeza


Você não sabe quem é a pessoa que mudará todos os seus dias até que um dia em especial seja mudado por ela. Não existe um jeito fácil de saber, um sinal divino, uma música especial tocando, um andar em câmera lenta. Não é como nos filmes e você não pode simplesmente prever. Na maioria das vezes, você não sabe quem vai te fazer a pessoa mais feliz do mundo. Pelo menos não antes do momento em que vai estar rindo nos braços desta pessoa. É imprevisível. Espontâneo. Surpreendente.
De qualquer forma, um dia você vai ter que se dar conta de quem é essa pessoa. Mas não vai ser fácil. Como eu disse, não é como geralmente parece no cinema. Você só vai saber quem é a sua pessoa quando perceber que não quer deixá-la e ir pra casa. Quando os braços dela forem a melhor casa do mundo. Quando pagar o ingresso pro cinema e deixar de prestar atenção no filme só pra olhar pra ela. Quando ficar contente porque ela usou sua cor favorita. Quando quiser aprender a letra de uma música só porque é a música preferida dela. Quando estiver triste e encontrar conforto no abraço dela, e também quando lembrar-se desse conforto momentos depois. Quando for rezar antes de dormir e pedir "só quero que possamos estar sempre juntos". Ou quando sua vida for tão completamente transformada por essa pessoa que você não tenha nem vontade de pedir mais nada... Então, pode-se dizer que você nunca sabe quem é, até o momento em que essa pessoa é sua única certeza. A única coisa certa. A única coisa que vale a pena. E quando souber disso, vai se tocar que durante todo o tempo em que estiveram juntos havia um sinal divino, uma música tocando, um andar em câmera lenta. Vai perceber que sempre soube quem era, mesmo nunca sabendo.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O que é ser grande?


Grandiosidade é popularidade? Ser amado por vários e ter vários a quem amar? Ou é ser único?
E o que é ser único? Significa ser diferente dos demais ou ser escolhido mesmo sendo igual? Acho que concepções opostas sempre existirão, mas esse não é o ponto. Definir não é o ponto. A coisa toda é: o que é grandiosidade? Acho que se buscar a resposta do lado de dentro, saberei que ela consiste em coisas indefiníveis, sem conceito algum.
Grandiosidade é naturalidade. É ter alguém com quem dividir confissões, intimidades, bobagens, risadas. É ter alguém com quem compartilhar a vista da lua. É ter alguém com quem balançar na rede e com quem respirar em sincronia. É ter alguém que deposita num abraço todo sentimento do mundo, alguém que sem palavra alguma passa, além de segurança, confiabilidade. Alguém leal a ponto de não precisar de declarações. Alguém que é verdadeiro desde o início, alguém que demonstra sem medo mesmo sabendo das chances de queda. Alguém que oferece abraços e carinhos mesmo nos piores dias. Alguém que no calor do entrelaçar das mãos, do abraço, do beijo e do suspiro entrega toda a tranquilidade de um sentimento puro e ao mesmo tempo desafiador. Sim, porque ser merecedor de um "alguém" assim não é fácil, amar é meio complicado às vezes. Mas esse alguém é alguém capaz de amar mesmo quando não mereço um sentimento tão sublime. E isso... Bom, isso é grandiosidade. É o que me faz grande, em toda minha pequenez.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Injustamente justificado


Te amo, amo-te... Existe uma gramática correta para o amar? Ou melhor, existiria uma explicação para esse tão descontrolado "te amar" ou "amar-te"? Não sei, só sei que amo, e amo com a intensidade dos fracos, pois os mais frágeis é que quando estão diante do amor se fazem os mais fortes. E se o amor tivesse encontrado alguém ainda mais frágil que eu, provavelmente teria se manifestado de maneira ainda mais forte. Enfim, o amor apareceu. Ele apareceu. Não "ele" amor. Ele. A pessoa. E eu o amo. Amo. Por que o amo?
Eu o amo porque ele me amou antes sem que eu tivesse dado permissão; amo porque ele não foi embora quando eu implorei que fosse; amo porque quando eu não queria sentimentos, ele trouxe alívio para todos os sentidos; amo porque ele não me "completa", mas sim me "acrescenta". Assim, não nos fazemos um, nos fazemos dois, juntos e mais fortes do que qualquer outro um. Amo porque ele me trouxe um sorriso com outro sorriso, um amor com outro amor, uma entrega com a própria entrega; amo porque tentei fugir de qualquer coisa que podia sentir e ele não me permitiu isso; amo porque nunca fui deixada sozinha, mesmo quando pedi para que me deixasse; amo porque mesmo quando nem eu mesma me suporto, ele me suporta com um sorriso no rosto e uma piada em mente. Mas afinal, por que dizer por que amo? Amar é tão errado que necessita de algum tipo de justificativa? Não me importo, existem várias razões para amá-lo, e me perco tanto nelas que seria impossível listá-las. Mas uma coisa é certa: amo-o não porque o amor dele causou o meu, mas sim porque ele nunca me pediu para amá-lo e mesmo assim meu coração o escolheu.
Amar. Pra que justificar?

terça-feira, 19 de junho de 2012

Caminhada


Dizem que o amor na maioria das vezes esbarra em você, te leva ao chão e pode até te machucar com a queda. Dizem que ele faz sofrer, causa confusão e angústia. Assim como a chama devassa que incendeia um canavial de madrugada e se apaga pela manhã, deixando apenas um rastro de destruição, é também o mais abalador dos amores - e o mais curto deles. No entanto, este também pode adquirir a forma sublime da chama que, aparentemente pequena, é abrasadora e permanece longo tempo acesa, servindo ao propósito daquilo que se coloca sobre ela em expectativa, e também levando calor a tudo que está ao redor. Nem sempre o amor mais puro é caótico, às vezes ele é apenas um calor suave que chega a um coração já um pouco cansado em meio aos golpes do mundo, mas nem por isso diminuto em sua capacidade de amar. O amor não afeta um único aspecto da vida, e nem sempre percebemos onde ele está agindo. Ele tem o dom de mudar, mas como uma lagarta que se transforma em borboleta lentamente dentro do casulo: ninguém a vê inicialmente, nessa mudança de dentro para fora. Ainda assim, quando ele nos muda, nos usa e nos abusa, nós nos transformamos em algo parecido com esta bela criatura: tão bela, de rumo incerto, e ao mesmo tempo tão frágil, que não poderia deixar de ser sublime em sua ínfima essência. 
Ainda existem estes estranhos amores nos derrubando e incendiando na estranheza de nossas almas pequenas demais para comportá-los, mas é certo que o amor que permanecerá não é aquele que esbarra em nós, e sim aquele para o qual caminhamos, dia após dia, edificando mais e mais nossos corações, tornando-os aptos a recebê-lo e correspondê-lo. Pois o amor, tão belo, em coração sujo e despreparado, é como a borboleta esplendorosa de mil cores que pousa na flor da qual a vida já se esvaiu e que vai secando com o passar dos dias. 

"É fácil caminhar lado a lado,
difícil é saber como se encontrar!"

Com inspiração em Fernando Pessoa; para Fernando, minha Pessoa.

domingo, 6 de maio de 2012

Ganhe a perda de tempo


No minuto que você você atrasou, perdeu um sorriso. No minuto que você adiantou e foi embora mais cedo, perdeu uma lágrima. No minuto que você adiou, perdeu a razão. No minuto que você perdeu ficando, você ganhou. São só minutos, voltas curtas no relógio. E relógio? É só uma volta em várias formas, uma forma de dar várias voltas, um desassossego pra alma, uma lembrança do tempo. O tempo pode correr de trás pra frente caso simplesmente não importe a direção desse enredo, dessa trama. Tempo seria atemporal se não fosse por essa contagem, por esse tic-tac que por vezes insiste em nos tirar de onde pertencemos. Falta um pouco mais de tempo na sobra de minutos, sobra tempo nos atrasos. Falta cada vez mais essência na pressa. No momento em que se corre, deixa-se de ver o que está ao lado, ou mesmo o que ficou pra trás. No momento em que se apressa, perde-se muita calma, ganha-se muito frenesi. Há uma alma na pressa que não condiz. Uma alma vazia, cada vez mais apressada, mais pressionada pelo tic-tac. O curto instante em que os olhos piscam deixa muita coisa sem ser vista, coisa que o pouco tempo não nos deixa ver. Faça menos fazendo mais, seja mais rápido sendo devagar. Olhe com calma, sem pressa, nem que por um segundo. Viva com calma, mesmo que rapidamente. O tempo é desconfortável, e pode assumir as formas mais assustadoras. Mas se aprender a ser atemporal, poderá fugir desse temporal. Peça, mas não à pressa. Tic-tac, não leve um baque. Não quando acordar e perceber que a falta de tempo fez sobrar tempo demais. Faltar tempo é a maior perda dele, sobrar tempo é o maior uso do mesmo... Tempo que não condiz, e que não diz. Tempo que passou e não aconteceu. Tempo, tambor de todos os ritmos. Deixe a música tocar no ritmo que houver, mas dance dentro da sua própria contagem. Há tempos que ainda é cedo, ainda há tempo!

quinta-feira, 3 de maio de 2012

(Im)perfeito


Deixe sua essência, não cause carência,
venha e vá embora, o dia começa agora.
Não há ausência, há reticências;
o que se foi não demora, volta outrora, pela aurora.

Passou o passageiro, tantas vezes e até costumeiro
que o perfeito se tornou desfeito
e o verdadeiro se tornou traiçoeiro,
nosso feito se tornou suspeito, sem proveito e imperfeito.

E com tanta imperfeição, haja aceitação
de que belo é o errado, sempre tão ornado,
tão cheio de inquietação e tão... tão...
tão aliado, assim, tirado de um estado pesado do mais belo pecado.

O imperfeito se faz com jeito,
a falha é uma batalha,
o delito é um grito,
proclamando que o erro, o famoso erro, é tão bonito.

O bonito se faz nos olhos, errado é somente o ponto de vista.

sábado, 21 de abril de 2012

Estrela da sorte?



Olhe: uma estrela estática,
uma corrente sem amuleto,
um mato sem significado,
um título sem soneto.

Nada do que soava familiar,
belo e certo,
encaixava-se ao meu sentimento.
Gostar de você foi puro azar.

Então descobri que sou uma estrela
daquelas da sorte,
sem força para iluminar
sou apenas ponto de referência.

Quem sabe a um olhar atento
eu seja vista como mais, como guia;
quem sabe eu seja o relento
e não o realejo numa manhã tardia.

Se for pra ser, será?
Quero que nada seja, que não mude;
hoje já deixei pra trás, mas ah!
ah, ainda há em mim um pedaço que se ilude.

Há uma alma estranha em mim,
um corpo estranho em minh'alma.
Falta algo, não sei o que é;
se soubesse a nostalgia teria fim.

Sinto saudade das coisas que não vivi
e daquilo que sonhei que você me dissesse.
Mas hoje já não quero mais, me redescobri;
não sou mais aquela estrela que pela manhã desaparece.

Agora sou o vento, sou a chuva,
a ligação entre o céu e a terra.
Sou o horizonte, o mais belo monte,
o suspiro que lhe escapa estouvadamente.

E sou tudo, sou nada,
pois tudo que eu senti na verdade nada era.
A estrela some com a madrugada
e eu permaneço aqui, intacta, inteira.

"Because future never dies!"

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Broken Angel


E talvez eu continue, é, acho que sim.
"(...)Como aquela menina que brilhava como um anjo
Mesmo após seu coração preguiçoso colocá-la no inferno"

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Encontro


Não me importa o que é isso, o importante é que é. É o quê? Não sei.
Talvez seja sorte. Sorte de ter te conhecido, sorte de você ter olhado pra mim, sorte de sorrir pra você num momento em que pudesse fazer alguma diferença. Sorte.
Talvez seja acaso. Acaso do caso. Se for o caso, admitirei que não sei ainda como você me encontrou. Só sei que você estava lá quando eu olhei pra trás, com os braços estendidos prontos a me segurar, com um sorriso que fez com que eu mudasse meu próprio semblante. E o calor do seu corpo derreteu o gelo de toda minha irritação.
Talvez seja um sonho. Um sonho que um dia te trouxe até mim e que te disse que talvez devêssemos ser. Ser o quê? Ser um do outro, sem saber o que se é.
Não sei. Ou sei. Sei que não sei o que senti quando você me abraçou pela primeira vez, ou quando me tomou em seus braços e me protegeu. Não sei ao certo porque eu ria tanto ao teu lado, só sei que dali eu não queria sair. Nem sei por que eu me entreguei com tanta facilidade, confiei tão fácil. Ao som de uma música que ninguém podia cantar, no auge da minha chateação, você me encontrou com o dom de mudar tudo, e quando me envolveu em seu abraço quente eu soube que era ali que eu deveria estar. Protegida, segura, calma. Com um beijo na testa você me mostrou respeito e proteção, e então eu entendi. Não é amor, não é nada. Mas é tudo. É tudo quanto eu não posso descrever. Você mudou, não a mim nem a você, mas a um momento que precisava ser mudado. E agora te levarei pra sempre como a lembrança de um momento bom. Um momento que ainda não acabou.

sábado, 17 de março de 2012

A falta que sobrou em mim


"Sobra tanto espaço dentro do abraço..."

Sobra tanto silêncio antes do murmúrio.
Sobra tanto soluço no meio do choro.
Sobra tanto brilho depois do sorriso.
Sobra tanto pano no fim do vestido.
Sobra tanta música durante a dança.
Sobra tanto orgulho antes das lágrimas.
Sobra tanta carência no meio do abraço.
Sobra tanto socorro dentro do olhar.
Sobra tanta falta de estrela depois da noite
que eu já nem me importo mais se sobra ou se falta.
Talvez eu não queria que falte sobra ou sobre falta,
Não é que o suficiente não me satisfaça,
é que o que é mais é sempre insuficiente
e de tão insuficiente, faltou a sobra que sobrou faltando.
O verso ta sobrando, então deixa faltar.

Pré-carência precária


Quando você se for
e ainda permanecer,
espero que eu possa me segurar
e aguentar tua ausência dentro de mim.

Vai ser um silêncio
e uma falta, uma carência.
Uma cara,
uma impermanência.

Ninguém mais vai me encontrar
quando eu me perder dentro de mim.
Nada mais vai brilhar
quando eu me apagar assim.

E quando a última estrela se for do céu
e a escuridão me assombrar,
eu terei que descobrir que você foi quando ficou
e ficou mesmo depois de me deixar.

terça-feira, 6 de março de 2012

Sonho


Que sonho nunca foi roubado?
Que roubo nunca foi planejado?
Que plano nunca foi furado?
Que furo nunca foi tapado?
Que tapa nunca foi perdoado?
Que perdão nunca foi desejado?
Que desejo nunca foi acalantado?
Que acalanto nunca foi sonhado?
Enfim, que sonho nunca foi roubado?

E que raiva surge quando nos roubam,
às vezes nos roubam de nós mesmos.
Mas quem somos nós mesmos senão um sonho?
E sonhos foram feitos para serem roubados.
Vida é que foi feita para se viver.

Devaneio


O vazio me assombra,
no entanto, o meio-cheio me inspira.
Gosto da mistura, da oportunidade
e simplesmente amo a 'ocasião'.

Sinto-me completa com a pequenez
e vazia com a grandeza,
pois tudo quanto é grande é muito vago
e não deixa que eu me encontre em mim mesma.

Também sou alguém que salvaria qualquer palavra que me tirasse um sorriso
e qualquer sorriso que me deixasse sem palavras.
Queria enlatar lembranças,
ser mais do que apenas um álbum preto e branco.

Mas sou mera coletânea de sorrisos passados,
marca de lágrimas derrubadas,
risos no alto da escada,
correria, eletricidade, torção, novidade.

Sou rima dentro do próprio verso,
desconvexa, incerta dentro de mim.
Não sei quem seria se não me fosse,
não sei o quanto complicaria se não fosse assim.

Pescadora de mim, caçando o incerto,
fico assombrada pela luz das estrelas.
Alguém poderia me explicar?
Algo tão ofuscante torna-se tão belo atrás de meus olhos.

Tudo quanto vejo muda depois da visão,
tudo é belo e incerto, ou certo.
Um devaneio é só um devaneio,
deixe-me a sós com a imaginação!

Desculpe


Desculpe por todas as vezes que eu falei quando deveria ouvir,
e por quando eu me calei quando deveria te consolar.
Desculpe por não secar tuas lágrimas quando você não pôde pedir
e também por não admirar o teu sorriso ao invés de te deixar chorar.

Desculpe por não ter aprendido a ficar sozinha na tua companhia
e por ter desejado sua companhia quando você quis me afastar.
Desculpe por todos os meus gritos insanos de agonia
e também pelo meu silêncio nos momentos em que tinha que falar.

Desculpe por ter pensado tanto em mim
e também por ter esquecido que você sabia chorar.
Desculpe por ter estado perdida quando você me procurava
e perdoe minha falha por não te deixar me encontrar.

E eu sei que você precisava de mim ao seu lado
e que no dia em que você mais chorou eu não te abracei;
então me desculpe por tudo que fiz de errado,
mas saiba que, embora tudo, eu te amei.

Não mude


Quer tempo? Me dê um segundo e terá a eternidade nas minhas lembranças.
Quer paz? Pense em mim e meu coração meditará por ti.
Que fé? Deixe que eu te ame com todas as minhas forças.
Quer proteção? Descanse, eu rezarei por você todas as noites.
Quer alegria? Sorria de volta quando eu rio por você.
Quer gratidão? Me salve quando eu menos merecer.
Quer amor? Permaneça vivo, pois isso deve ser suficiente para que eu te ame.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Mudança


Ela existia, mas não se via. Não vivia. Era uma simples garota conformada com a própria existência insignificante, e sua existência apenas não tinha significado algum porque ela se conformava com isso. Mas um dia ela se apaixonou, e a partir desse dia, mesmo que sem fazer nada de importante para o mundo a sua volta, ela passou a ser significante, pois o mundo dentro dela havia mudado.

domingo, 4 de março de 2012

Never one without the other


"Eu era June e você meu Johnny Cash"

Prometa-me que estaremos sempre juntos;
que eu serei Eurídice e você Orfeu,
que eu serei Isolda e você Tristão,
que eu serei Hera e você será Zeus.

Prometa-me que será Scott Summers
e que eu serei Jean Gray.
Nossos poderes não são sobrenaturais
mas amo-te com antes jamais amei.

Deixe que eu seja Roxane e você será Cirano,
escreva-me poemas de forma mascarada.
Entregue-me versos e declarações
e mantenha o mistério em nossos corações.

Seja Hamlet e eu serei Ofélia,
e por tudo tentarei tirar o mal de seu coração.
Amo-te com amor literário e ao mesmo tempo tão real
que desejo impedir seu coração de se aproximar do mal.

Posso também ser Guyenivere;
seja meu Lancelot.
Por mim e por tudo seja um guerreiro
e por você e por tudo eu enfrentarei o mundo inteiro.

Me escreva como Dante
e eu serei Beatriz;
pois sei que um amor que moveria céu e infernos
por toda a vida me faria feliz.

Podemos ser outros alguéns;
Maria Bonita com seu Lampião,
Eva e seu Adão,
Romeu e sua Julieta,
Donald e sua Margarida,
Dom Quixote e Dorotéia,
O deus dos deuses e Hera.

Que você seja você,
e que eu seja eu.
Que eu seja também você
e que você também me seja.
Mas que sejamos felizes sem tempo de expiração,
não como esses casais, mas com amor puro
que o tempo constrói e o coração almeja,
eternizado pela vida e real pela paixão;
Seja você e eu serei eu,
e não seremos nada ou ninguém mais, além de um só coração!

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Unspoken


Somos tolos por ter medo, mas o medo nos faz fazer coisas tão bobas! Acho que é a falta de coragem que me cala, mas também é ela que traz à tona gestos que ficam simplesmente lindos em meio ao silêncio. Então, se nada for dito, cantado ou berrado, olhe pros meus olhos e você vai ver o que escondi todo esse tempo. Roube-me o que eu guardei pra você dentro de mim, mas permaneça perto para que eu tenha certeza de que sabe o que fazer com isso.
No fim de tudo, eu não precisava dizer uma única palavra para que você soubesse todo meu discurso.