sábado, 21 de abril de 2012
Estrela da sorte?
Olhe: uma estrela estática,
uma corrente sem amuleto,
um mato sem significado,
um título sem soneto.
Nada do que soava familiar,
belo e certo,
encaixava-se ao meu sentimento.
Gostar de você foi puro azar.
Então descobri que sou uma estrela
daquelas da sorte,
sem força para iluminar
sou apenas ponto de referência.
Quem sabe a um olhar atento
eu seja vista como mais, como guia;
quem sabe eu seja o relento
e não o realejo numa manhã tardia.
Se for pra ser, será?
Quero que nada seja, que não mude;
hoje já deixei pra trás, mas ah!
ah, ainda há em mim um pedaço que se ilude.
Há uma alma estranha em mim,
um corpo estranho em minh'alma.
Falta algo, não sei o que é;
se soubesse a nostalgia teria fim.
Sinto saudade das coisas que não vivi
e daquilo que sonhei que você me dissesse.
Mas hoje já não quero mais, me redescobri;
não sou mais aquela estrela que pela manhã desaparece.
Agora sou o vento, sou a chuva,
a ligação entre o céu e a terra.
Sou o horizonte, o mais belo monte,
o suspiro que lhe escapa estouvadamente.
E sou tudo, sou nada,
pois tudo que eu senti na verdade nada era.
A estrela some com a madrugada
e eu permaneço aqui, intacta, inteira.
"Because future never dies!"
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